Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

sábado, 3 de dezembro de 2011

Mister,

     O quarto é pequeno. Seu peito é grande. Sou capaz de ser apenas eu enquanto a casa é o seu aconchego. Sempre que chove, penso que é um milagre. A sua tristeza é capaz de abarcar duzentas nuvens sobre uma cidade de pessoas esquecidas. Sobre um país de pessoas esquecidas. Sobre o corpo de uma menina pobre e frágil, que inventa estórias para não ter medo do escuro ou do afastamento. Não me esqueça, não deixe nenhum segundo escapar sem mim. É tudo o que peço. E posso chorar tanto quanto o céu, por você. Chorar ao telefone por falta de cobertura. Por silêncio. Mas não há silêncio no mundo que nos separe. E estarei ao seu lado todos os dias, mesmo que seja mentira. Não faz mal se mentirmos juntos. Eu quero que você fique, mesmo que seja de longe.

     E quero recompensar todos aqueles que gastaram as fichas em nós dois. Tínhamos tudo para desviar o traçado, mas aconteceu. Ninguém mais é como você. Ninguém mais é como eu.

     Ninguém mais como você encontra alguém como eu.


Mariane Cardoso   

2 comentários:

  1. Maravilhosas suas são palavras, Mari. Quanta saudade Sereia.

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  2. O bê, não sei que tá acontecendo ): Eu comento, pra mim aparece, mas olha aí... SUMIU ):
    Eu já tinha comentado aqui. Ahhh ):

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.