O senhor olha para fora, e é isso sobretudo que não devia fazer agora.
Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a
escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu
coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de
escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua
madrugada: preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta
profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa
pergunta grave com um forte e simples "Preciso", então construa sua vida de
acordo com tal necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais
indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso. Então se
aproxime da natureza. Procure, como o primeiro homem, dizer o que vê e
vivencia e ama e perde. (...)
Rainer Maria Rilke
Nenhum comentário:
Postar um comentário