Abrir as cortinas da alma, cheirar um pouco meu pulso livre de chuva, silenciar. Eu, aqui, durmo de portas trancadas, sem horário, perco o dia. Eu desaproveito e transpiro até tarde. Deito e encolho as pernas, afundo no pesadelo. Minhas confissões ficam pela metade, mas eu tenho medo. E silencio, assim, por ser tão dependente e quebradiça. Por ser inacessível dentro do meu quarto e por prender os sustos como se eu soubesse lidar com a escuridão. Sempre tarde demais. Fico quieta, muito longe, em outro plano. Fico muda enquanto esfrio, bem dentro. (...) Mas o vento assola as ruas e sai arranhando a minha garganta. É farelo em excesso. Eu não sei sair ou olhar através de vidros.
Eu sou tarde demais.
Eu sou tarde demais.
Mariane Cardoso
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