Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

      Saudade é o suspiro que ficou atrás da porta. Ou no telefone à uma hora da madrugada de sexta-feira. Todo mundo pode ouvir, e eu acordo cedo, mas o riso ecoa, chuvisca o dia todo. Saudade são duas bocas caladas que se reconhecem de longe sem forças pra dizer que se sente saudade. Apenas assim é.

      Não, saudade não é coisa de gente grande. Saudade é coisa de gente que vai. Vai de ombros carregados e coragem para se distrair. Acreditar cegamente que não há nenhuma influência do tempo nisso. Porque saudade pode ser um ano, um dia, um olhar que foi desencontrado num segundo, mas achado no próximo. E uma carta visível, que ninguém irá achar, colocada na pilha de cartas.

      Um minuto de silêncio quando não chuvisca.
      E não existe nada mais que possa nos desprender do espaço desocupado.

Mariane Cardoso

5 comentários:

  1. Tudo que escreve continua me trazendo paz. Saudade e tudo mais. Abraço forte, Zalu.

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  2. Você escreve como ninguém mais consegue.

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  3. Tudo que eu precisava ler, sentir... foi transcrito aqui, fantástico. Sou demais sua fã, desde o tumblr... és incrível menina!

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  4. Saudade infinda, coração apertado, sentimento doloroso. Vida pós tempo.

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.