Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

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(...) já não respondo, mas sei que é capaz de lembrar o pior defeito e a mais figurativa rota de escapismo entre nós dois: somos decisivos. Certos em não voltar atrás depois do tempo. Não subestimar o futuro. Não carregar esperança. Pois amor também morre, já diziam as flores da rua. Os discursos que eu proclamava, alterando minhas falas para combinar mais com os traços do seu rosto; a cisma de alisar meu ombro, arrancar com a ponta dos dedos o peso que os tornava baixos - como se eu fosse Atlas, como se o mundo entrasse em minhas costas às seis da tarde, o sol indo embora - e você beijava a pele e me pedia mais cinco minutos, só mais cinco minutos, por favor. Com nosso tempo contado e aos tropeços. Era bonito.

Mariane Cardoso

2 comentários:

  1. Adorei a nova cara do blog. Sempre leio seus posts, e muitas vezes eles estão dizendo absolutamente o que eu estou sentindo.

    Hoje entrei e vi ele todo clarinho, e com essas palavras: "já não respondo, mas sei que é capaz de lembrar o pior defeito e a mais figurativa rota de escapismo entre nós dois: somos decisivos."
    Da mesma forma que eu estou, limpa, leve e decidida!
    Adoro mesmo isso aqui, e o seu talento! Um beijo.

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  2. "Certos em não voltar atrás depois do tempo. Não subestimar o futuro. Não carregar esperança." Awn Zalu... Descreveu tudo menina!

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.