Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

sábado, 10 de dezembro de 2011

Consciência

Eu pouco tenho feito enquanto sou capaz de assistir.
A grande expectadora de si mesma.
Pois bem.
O que se esconde detrás das cobertas
é apenas o escuro dos bastidores.
Dizem que nada mais.
Dizem que nunca houve nada.
Descobri que o barulho me assola,
sou fácil de ser invadida,
e me incomodo ao extremo
por ser de fácil acesso.
O modo de programar
ainda é o mesmo nos telejornais
e as raízes talvez sejam mais fortes.
Raramente passo a limpo minhas indecisões.
A vida é um retrocesso.
Eu ainda ouço as mesmas canções,
os mesmos impactos de auto-consciência.
Os vizinhos me cumprimentam
como se esperassem algo
depois de tantos anos sem estabelecer amizade.
A parte distante da família,
as pessoas do passado.
Continuo dizendo que tenho um mundo,
mesmo depois de inúmeras provas
de falta de mágica.
E afirmo que não consigo lidar:
não sei se comigo
ou com o resto.

A vida é um retrocesso.
Ou apenas a minha vida.
Eu cresço porque o tempo pede,
pois ele é ditador
e eu, servente.
O que eu vejo é que sou fácil,
porque as armas são muitas
e apenas um botão no jardim não cheira tanto.
Os anos não são outros.
A minha parte triste e escura dos olhos
amanhece todos os dias,
sem depender dos anos e da própria aurora.
Eu sou o inevitável.
O calor floresce nas mãos
porque ainda sou pequena, pobre criança.
Pequena sereia.
Incapaz de alterar o destino do próprio filme.
Acessível e intocável,
brilhante na aura de pedra,
na aura apaixonada e firme.
Mas distante no fogo que a percorre,
perigosa na explosão.
Quase a própria estrela.
Mas consciente.

Mariane Cardoso

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.