Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Limites Infinitos no Infinito

      Aqui ficam os pedaços do mundo e se perdem os fatos marcantes, e as vidas passadas. Eu perdi. Tenho encarado demais pela frente e então percebo aos poucos que não sou vítima apenas de mim, nem apenas da vida, nem apenas de nós duas juntas. Sou vítima mais que certeira das escolhas e do vento e, sobretudo, da História. Entendi também que procuro coisas que talvez não sejam minhas, mas que eram para ser ou que já foram. Onde se perderam? Lá atrás. Eu devaneio sobre minhas condições e meus motivos, que às vezes não são muitos, nem graves, sequer perceptíveis. Eu quero compreender onde eu atiro para matar meus monstros, mas eu não descubro, porque eles não são meus e eu nunca tive controle sobre minhas passagens no tempo. Então, em dias de vento, eu penso em quebrar uma janela, rasgar algumas páginas importantes, destruir minhas fitas mais urgentes para ter certeza de que eu consigo sobreviver às minhas partidas. Eu prendo um pouco o choro para ver até onde aguento. Concentro e faço aos tropeços minha recomposição. Eu, quem sabe, não serei isso para sempre. É nessa parte que não suporto e solto meus calafrios: Quantas almas de mim eu já deixei para trás? Eu não tenho afirmação de que era para ser isso mesmo ou se eu passei direto na esquina em que eu tinha que entrar e sequestrar uma alma nova. Eu não consigo captar por que eu, com infinitos trilhos dentro da História de um universo inteiro, peguei justamente aquilo que sou agora. Pois ser quebradiça nessa metade de Eras, e Períodos, e Idades, não me faz nada bem, nada bem. A única sensação que tenho é a de que não sou por inteiro, que preciso das minhas outras fatias de força, de calma, de controlar os desesperos ao acordar. Aquelas que eu não encontrei nas datas e nos lugares os quais não sei e, acho, nunca irei saber.

     (Mariane Cardoso)

4 comentários:

  1. Pra gente só fica a dúvida, amor. Imagina daqui setecentos anos, seremos castigados pela nossa própria mente. Bom... Aqueles como nós, claro. Azar o nosso. Ou sorte, talvez.

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.