Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

À Bru de coração azulejado

     Como o tempo dilacera, minha menina. Ainda pior é o amor. O amor secundário, que a gente esquece de regar, que a gente cega pela preguiça, que estraga de tão inutilizado, esse é o que desfia a nossa cortina e estraga a peça inteira. O rombo tem que ser deixado. O meu teatro não funciona sem aquela música de fundo instrumental, sem aquele uniforme vermelho-vinho e o foco de luz do outro lado - as coisas essenciais de onde se pode tirar a verdade. Eu tenho que ser de verdade. Por isso, sem nem saber da cor dos seus olhos, sem nem saber pronunciar seu nome direito, sem medir nossa distância, eu voei até puxar sua mão. Sua verdade está estampada nos olhos, para quem quer que seja. Eu também sou carente. Eu também tenho ombros pesados, canso. Não durmo. Eu te trouxe de volta porque o palco é seu. O meu está em outro lugar. Veja como às vezes é necessário não ser o personagem principal. Eu brinco de roda, ciranda-cirandinha, ladrilhar a rua. Acabo por azulejar seu coração. E continuo, suponho que agora mais livre. Ou melhor: menos presa. Não desfaço minhas palavras, seja firme. Mas acredite no acaso. Acredite na poesia. Nem todo voo é de borboleta, e existem alguns mais eficientes. Estou atrás das nuvens a te observar como se estivesse prestes a chover.
     Mas o sol persiste.

     (Mariane Cardoso)

2 comentários:

  1. :') Eu prometo seguir Mari, apesar do vento, apesar da chuva. O que for. Continue me olhando daí de cima, preciso mesmo da sua mão. Obrigada por todos os ombros. E pode deixar, que vou continuar acreditando na poesia de viver. Por favor, se precisar conte comigo.
    Estou eu aqui do Rio de Janeiro, com lágrimas nos olhos torcendo pra que tu sejas muito feliz. Feliz do seu jeito, cada um encontra a felicidade em um canto do arco-íris diferente. Espero que tenha encontrado o teu. E mesmo que esteja procurando, nessas procuras a gente acha muita coisa bonita. Pra ser levada, o que for ruim deixa pra lá que o vento leva. Vou guardar teus azulejos pra sempre, fada. Fique bem por aí, um grande beijo e obrigada por tudo.

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  2. Ah Mazalu,ainda lembra da tua pequena aqui? Saudade da sua voz muda ((: vim te ouvir,e olha só que canto lindo!

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.