Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

— Posso fazer uma pergunta?
 Uma, sim.
 Só uma, a mesma. Do que está fugindo?
— Vire-se de costas para o banco da frente... Fugi de tudo. Da minha mulher. Da casa. De um filho adotivo. De um bom emprego. De tudo, exceto de alguns maus hábitos.
— Como conseguiu isso?
— Houve um acidente. Todos pensaram que eu estava morto. E eu deixei que pensassem.
— Não há como explicar, há?
— Acho que vou ser garçom em Gibraltar.
— Óbvio demais.
 Ou um escritor no Cairo.
 Romântico demais.
 Que tal traficante de armas?
 Improvável demais.
— Na verdade, acho que sou um.
 Então depende de que lado está.
— É.

O Passageiro — Profissão: Repórter (1975)

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.