O tempo que eu tenho de sobra assemelha-se ao resto dos tempos que as outras pessoas perderam por escolha própria, em plena consciência. Como os frutos que só caem envenenados de tanta esperança, aguardando o prodígio na flor da idade que passa justamente enquanto estamos de olhos fechados. Como as ferrugens que nascem de tanto ar, de tanto espaço, amplitude e folga, as malditas ferrugens pequenas e destrutivas que aparecem e aparecerão quanto mais vasto seja o horizonte.
É inútil, mais hora menos hora mais hora e a mesma pessoa que habita dentro de você, com as mesmas inspirações, as mesmas ideias, caprichos e fantasias. Nem mais, nem menos. Mesmo que haja todo o tempo do mundo.
Como a liberdade que você tanto pestanejou e que depois de conquistada só servia como título. A gente não tem o que fazer com isso. Mais liberdade menos liberdade e os mesmos medos que assombram o fazer, o mesmo ócio que amarra seus braços aos braços do sofá e faz você dormir.
Enquanto o mundo gira mais rápido menos rápido e você sonha os mesmos sonhos.
Mariane Cardoso
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