Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Copihues

Aos ramos, despencam da sacada como lágrimas,
olham a despedida que seus lábios fazem
enquanto eu peço um último beijo - por favor
para estancar a saudade que chega antes do fim
e a ferida no peito que deixa o sinal. Vermelho.

Te juro mais um ramalhete antes que parta,
antes que dispare contra o tempo,
antes que pare com as batidas do seu coração.
É minha lágrima correndo que nos dá o passaporte,
entre o castelo e o abismo, para além da morte.

O vento não me entrega a sua carta por condenação
e por pura proibição é que eu me perco
em sua estampa verde, seus cachos fantasiosos
e seu peito delírio que é também martírio.
Que é onde eu morro dentro do seu grito.

Mas os Copihues serão seus quando voltar
e essa é a nossa cama arrumada, para chorar.
Os Copihues serão descobertos junto ao resto,
pois o café dos olhos acaba na ponta dos dedos,
mas a pólvora nas narinas incendeia o reencontro.


Nosso amor sobreviveu à guerra. Mais forte.
Mariane Cardoso

Um comentário:

  1. São mais de 60 anos. Incrível, né? Parece histórinha inventada. Ainda bem que é com a gente, assim não se pode duvidar.

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.