É mais um beijo de acordar o sol. Eu já saí do sonho e ele já quer andar pela casa. Sem sapatos, porque acha que nós ainda não somos reais. Mas eu o seguro pelo pulso, sou dele e ele tem que saber que também é meu, ele tem que saber que eu acordo antes do beijo só para fingir que durmo. E para sentir antes de falar.
- Bom dia, meu amor de quatro meses e outras vidas.
- Bom dia. Eu já fiz as malas, Mar.
- Para o quintal?
- Para o quintal.
Se adianta antes do entardecer, pois nunca entardece. A luz fica grudada nas estrelas dos olhos dele. Cada uma delas eu ganho debaixo do teto, sem vista para o alto. Mas vou entregando meus beijos para sarar ou enlouquecer, e não me importo. Adriano insiste comigo até desmaiar pelos lábios. Eu não digo outra vez o quanto a gente sobrevive. Me assusto porque aprendemos a fazer festa na cozinha por qualquer banalidade. Prendo uma mecha de cabelo entre os dedos dele, eu também posso ser balão e descobrir o céu.
- Amanhã faremos aniversário de novo, meu mago.
- Mas no quintal, né?
- Aí não vai ter brigadeiro.
- Então te dou minhas estrelas.
- E eu minhas escamas.
(Mariane Cardoso)
Até desmaiar, mon amour. Não vejo perigo nenhum em nada com você.
ResponderExcluirDeliciosamente verdadeiro. Surpreendentemente igual ao que também sinto.. Talvez não um Adriano, mas UM entre milhares. ;] Belissimas palavras, menina. Parabéns por teres tanta luz em tão pouco tempo na terra.
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